A mortalidade de alevinos é um desafio comum enfrentado por muitos piscicultores. Este problema pode ser causado por diversos fatores, desde condições inadequadas da água até erros no manejo inicial.
Identificar as causas e implementar soluções eficazes é fundamental para garantir a viabilidade econômica e o sucesso da produção.
Principais Causas de Mortalidade de Alevinos:
Qualidade da Água
A qualidade da água é essencial para a sobrevivência dos alevinos. Parâmetros como oxigênio dissolvido, pH, temperatura e concentrações de amônia e nitrito precisam ser monitorados regularmente. Níveis de oxigênio abaixo de 5 mg/L podem causar estresse e aumentar a taxa de mortalidade.
Densidade de Estocagem
A superlotação de alevinos em tanques pode levar ao rápido esgotamento do oxigênio e ao acúmulo de excretas, elevando os níveis de amônia. Manter densidades de estocagem apropriadas, como 5 a 10 alevinos por litro em sistemas semi-intensivos, pode reduzir significativamente o estresse e as perdas.
Choque Térmico
Mudanças bruscas de temperatura ao transferir alevinos para os tanques são prejudiciais. O choque térmico afeta a imunidade dos peixes, deixando-os vulneráveis a patógenos. O manejo adequado inclui aclimatação gradual para evitar estresse térmico.
Alimentação Inadequada
Alimentos de baixa qualidade ou fornecidos em quantidades incorretas podem comprometer o desenvolvimento dos alevinos. Rações com alta digestibilidade e balanceamento nutricional são essenciais para promover o crescimento e reduzir as taxas de mortalidade.
Soluções e Melhores Práticas
Monitoramento Constante
Investir em equipamentos para medir oxigênio dissolvido, pH e temperatura é necessário. Sistemas automatizados com alertas podem ajudar a corrigir rapidamente quaisquer desvios. Além disso, a realização de análises químicas periódicas da água permite identificar fatores que possam estar comprometendo a qualidade, como presença de compostos tóxicos ou variações inesperadas nos parâmetros.
Manejo Adequado
O manejo adequado dos alevinos ao introduzi-los em um novo ambiente envolve dois processos importantes: aclimatação e aclimatização, ambos essenciais para evitar a mortalidade dos peixes.
Aclimatação: Quando os alevinos são transferidos para um novo ambiente (como mudanças de temperatura, salinidade ou pH), a aclimatação é o primeiro passo crucial. Esse processo envolve ajustes fisiológicos rápidos e temporários, feitos em condições controladas, como câmaras ou aquários. A ideia é expor os alevinos a essas novas condições de forma gradual, minimizando o choque e permitindo que eles se adaptem sem causar estresse excessivo. Esse manejo cuidadoso reduz significativamente o risco de mortalidade precoce, pois ajuda os alevinos a ajustarem suas funções biológicas, como a respiração e a osmorregulação, antes de serem expostos a mudanças mais drásticas.
Aclimatização: Após a aclimatação inicial, a aclimatização refere-se ao processo contínuo e mais profundo de adaptação dos alevinos ao novo ambiente, geralmente em condições naturais ou de campo. Esse é um processo mais duradouro e envolve ajustes fisiológicos permanentes que aumentam a capacidade dos peixes de lidar com estressores ambientais repetitivos, como variações diárias de temperatura, salinidade e níveis de oxigênio. A aclimatização é fundamental para garantir que os alevinos sobrevivam a longo prazo e se desenvolvam de maneira saudável, pois fortalece sua resistência a flutuações ambientais, o que é essencial para sua sobrevivência no novo habitat.
Alimentação de Qualidade
A combinação adequada de granulometria e teor proteico é essencial para a nutrição eficiente dos alevinos. A granulometria, que se refere ao tamanho das partículas da ração, deve ser ajustada ao tamanho da boca para garantir que os peixes consigam consumir a ração corretamente e aproveitar os nutrientes de maneira eficiente. O teor proteico é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudável dos alevinos. As proteínas são essenciais para a formação de músculos, tecidos e o fortalecimento do sistema imunológico dos peixes. Portanto, deve ser adequado para o estágio de desenvolvimento do peixe, proporcionando energia e nutrientes necessários para o crescimento e fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, o uso de suplementos alimentares, como probióticos e prebióticos, pode ajudar a melhorar a digestão, aumentar a absorção de nutrientes e fortalecer ainda mais a imunidade dos peixes, tornando-os mais resistentes a doenças.
Controle Sanitário
Implementar boas práticas de biossegurança, como desinfecção regular dos tanques e controle de patógenos, reduz a incidência de doenças. A quarentena de novos lotes de alevinos antes de sua introdução nos tanques é outra medida eficaz para prevenir a disseminação de agentes patogênos. O uso de produtos desinfetantes específicos e o monitoramento frequente da saúde dos peixes contribuem para a manutenção de um ambiente seguro e saudável.
A mortalidade de alevinos pode ser causada por fatores como qualidade inadequada da água, superlotação, choques térmicos, alimentação deficiente e falta de controle sanitário. A falta de oxigênio, acúmulo de amônia e nitrito, além do estresse por mudanças ambientais, são determinantes para as altas taxas de mortalidade. Para prevenir esses problemas, é essencial monitorar os parâmetros da água, evitar superlotação, realizar aclimatação adequada e oferecer rações de boa qualidade. Práticas de biossegurança, como desinfecção e quarentena, também são importantes. A presença de um técnico especializado é crucial para identificar e corrigir rapidamente os problemas que afetam a saúde dos alevinos.
Quer saber mais sobre o tema? Confira:
BRIDI, Ana Maria. Adaptação e aclimatação animal. UEL, Londrina, 2010.
DA SILVA RAPOSO, Ricardo et al. Mortalidade em tilápias (Oreochromis niloticus) provocada por falhas de manejo e o desafio diagnóstico para os serviços veterinários oficiais. Pubvet, v. 15, p. 188, 2021.
PIAIA, Rosamari. Alimentação de alevinos e juvenis de jundiá (Rhamdia quelen): horário, frequência e granulometria da ração. 2006.




