A piscicultura brasileira tem se consolidado como um dos principais setores do agronegócio, contribuindo significativamente para o fornecimento de proteína animal ao mercado interno e externo. Segundo o Anuário Peixe BR 2024, o Brasil alcançou uma produção total de 887.029 toneladas de peixes de cultivo em 2023, registrando um aumento de 3,1% em comparação ao ano anterior. Dentro desse panorama, a tilápia é a espécie principal, representando mais de 65% da produção nacional, com um volume de 579.080 toneladas.
O estado do Paraná se destaca como o maior produtor de tilápia no Brasil, com 209.500 toneladas em 2023. Outros estados importantes incluem São Paulo e Minas Gerais, que também contribuíram significativamente para a produção nacional. O modelo cooperativista, especialmente no Paraná, tem sido um fator relevante para a atividade, permitindo ganhos em escala e maior eficiência na produção.
No mercado externo, as exportações de peixes de cultivo alcançaram 6.815 toneladas, gerando uma receita de US$ 24,7 milhões. A tilápia lidera esse mercado, sendo amplamente aceita em países como os Estados Unidos. Esse sucesso se deve, em parte, à adaptação da tilápia às condições climáticas e hídricas do Brasil, bem como à implementação de boas práticas de manejo e biossegurança pelos produtores.
Além da tilápia, outras espécies também contribuem para as exportações brasileiras. Entre elas, o tambaqui gerou uma receita de US$ 798 mil em 2023, os bagres alcançaram US$ 234 mil, e o pangasius manteve seu crescimento, especialmente nos estados do Maranhão e Piauí. A carpa e a truta também são relevantes, sendo cultivadas em regiões de clima mais frio, como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e apresentam nichos de mercado promissores.
A tilápia também conquistou o mercado interno. Dados da Peixe BR indicam que o consumo per capita de tilápia mais que dobrou na última década, passando de 1,47 kg/hab/ano em 2014 para 2,84 kg/hab/ano em 2023. Esse crescimento reflete tanto a preferência dos consumidores quanto o aumento na oferta e na distribuição desse peixe em todas as regiões do país.
As perspectivas para a piscicultura em 2024 são positivas. A Peixe BR aponta que o setor continuará a crescer, impulsionado por investimentos em infraestrutura, avanços tecnológicos e novas regulamentações que visam aprimorar as condições de produção e comercialização. Além disso, espera-se um aumento no volume de exportações.
Outro fator que contribui para o crescimento da piscicultura é o desenvolvimento de sistemas mais sustentáveis e eficientes, como os tanques-rede, que permitem a produção em grande escala com menor impacto ambiental. Esses sistemas têm sido adotados em regiões como o Paraná e Santa Catarina, contribuindo para o aumento da produtividade e para a qualidade do produto final.
A qualidade do filé de tilápia brasileira tem destaque no mercado internacional, onde é valorizado por seu sabor, textura e frescor. Isso tem permitido ao Brasil competir com outros grandes produtores mundiais, como China, Indonésia e Egito. Em 2023, o Brasil manteve sua posição como o quarto maior produtor mundial de tilápia, com perspectivas de avançar no ranking nos próximos anos.
O crescimento da piscicultura no Brasil é tanto quantitativo quanto qualitativo. O setor tem investido em inovações tecnológicas que melhoram a eficiência produtiva e reduzem custos. Exemplos incluem o uso de rações balanceadas de alta qualidade, sistemas de monitoramento de parâmetros ambientais em tempo real e programas de melhoramento genético que resultam em peixes mais resistentes e com melhor desempenho zootécnico.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios, como questões sanitárias e climáticas que impactam diretamente a produção. Em 2023, eventos como o El Niño afetaram o clima em diversas regiões do país, provocando variações na temperatura da água e impactando a reprodução e o crescimento dos peixes. Para enfrentar esses desafios, é essencial que os produtores continuem investindo em boas práticas de manejo e em soluções tecnológicas que minimizem os impactos ambientais e sanitários.
Por fim, é importante destacar o papel das associações e entidades do setor, como a Peixe BR, que promovem a piscicultura brasileira no cenário nacional e internacional, oferecendo suporte técnico, capacitação e advocacy para melhorar as condições de produção e comercialização. Com um mercado interno cada vez mais aquecido e oportunidades crescentes no mercado externo, a piscicultura brasileira tem potencial para continuar crescendo e se consolidando como um dos pilares do agronegócio no Brasil.